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Enigmas na Atlântida

Texto: NUNO GALOPIM

A edição de um volume de aventuras de Martin Mystère pela Levoir e o lançamento de uma nova série assinada por Bruno Marchand voltam a levar a banda desenhada a explorar as mitologias do continente perdido da Atlântida.

Os mitos da Atlântida (e os demais a si associados, como os que falam do continente perdido de Mu) há muito que alimentam a ficção. Há referências à civilização e ao povo da Atlântida, umas com maior, outras com menor peso, em narrativas de autores como Júlio Verne, Arthur Conan Doyle, H.P. Lpvecraft ou Robert A. Heinlein. E na banda desenhada, mesmo sem o mesmo volume de lendas e narrativas, a presença do mítico continente engolido pelas águas do oceano tem também expressiva representação. E do universo dos comics (através de figuras como Namur ou Aquaman) ao manga, passando depois pela BD europeia, há já histórias e personagens suficientes para da Atlântida fazer um espaço digno de referência numa eventual geografia das histórias da banda desenhada.

Fixemo-nos neste último universo, o da banda desenhada europeia, que tanto acolheu o magnífico O Enigma da Atlântida (1957) uma das mais cativantes aventuras de Blake & Mortimer, de Edgar P. Jacobs, como o menor O Pesadelo de Obélix (1996), de Albert Uderzo. O primeiro localizava uma porta para Atlântida nas entranhas da Ilha de São Miguel, nos Açores. O segundo apontava a história às Canárias. Pois é com azimute afinado pela aventura de Blake & Mortimer que recentemente encontrámos, numa série da Levoir dedicada à banda desenhada italiana (e em concreto ao universo da editora Sergio Bonelli), uma história de referência entre a obra de Alberto Castelli e uma das suas criações: o arqueólogo, professor e escritor Martin Mystère, muitas vezes apontado como o “detetive do impossível”.



Série iniciada em 1982, as aventuras de Martin Mystère tiveram representação nesta coleção com um volume que junta duas histórias, uma delas sendo O Destino da Atlântida (publicada originalmente em 2005). Com desenhos de Roberto Cardinlale e Alfredo Orlandi, é mais um olhar pelo universo do continente misterioso, que tanto sublinha a geografia açoriana como o “x” que marca um local para chegar à Atlântida como, rumando às profundezas do Atlântico, acaba por achar um mundo tecnologicamente avançado que serve de cenário a uma trama na qual não faltam as características e as personagens habituais ao seu universo. Afinal, não encontram também Blake e Mortimer o vilão Olrik nas profundezas do oceano?…



Mais recente, com um primeiro volume de uma nova série lançado já este ano, Le Pouvoir des Atlantes é uma proposta do belga Bruno Marchand. Autor de séries como Quelques Pas Vers la Lumière ou La Guerre Eternelle (aqui em adaptação de textos de Joe Haldeman), lança neste primeiro volume uma narrativa que explora o poder de um achado – supostamente extraterrestre – recuperado por uma expedição alemã em 1944. A história continua depois da guerra com uma sucessão de acontecimentos invulgares que incluem o desaparecimento de um aparelho de descolagem vertical e o alargamento do mapa da ação ao Egito e Tibete. O volume, de 48 páginas, termina com mais questões em aberto do que com uma narrativa já solidamente encaminhada. Com um traço claro e cores suaves, o livro lança bem as bases para o que daqui em diante possa acontecer, servindo assim de bom aperitivo a uma aventura que, promete a contracapa, vai “mergulhar o mundo numa crise sem precedentes”…

“Martin Mystère – O Destino da Atlântida”, de Afredo Castelli e vários desenhadores, foi lançado numa edição de capa dura, com 184 páginas, pela Levoir.

“Le Pouvoir des Atlantes – T1: Le Vol du Coléoptere”, de Bruno Marchand, é um volume de capa dura de 48 páginas publicado pela Pasquet.

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