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Será esta a obra-prima dos Pet Shop Boys?

Texto: NUNO GALOPIM

Originalmente editado em 1990 o álbum “Behaviour” explorou uma faceta mais melancólica na escrita dos Pet Shop Boys. O disco foi agora reeditado em vinil e também numa edição em CD com um disco de temas extra.

Se pode fazer sentido pensar que a antologia Pop Art possa representar a mais suculenta edição discográfica da obra dos Pet Shop Boys – o que traduz a excelência das sucessivas propostas que foram levando ao formato de single – não deixa também de ser verdade que o grupo tem uma série de álbuns que são também peças marcantes… e gourmet. E se for preciso escolher “o melhor” dos álbuns dos Pet Shop Boys, teremos de apontar o dedo a Behaviour

Depois de uma primeira série de três discos de alma pop sob batimento cardíaco mais próximo dos universos da música de dança, os Pet Shop Boys surpreenderam ao apresentar em 1990 Behaviour, um álbum de toada mais tranquila, pelo seu alinhamento surgindo um volume mais expressivo de baladas e canções mid tempo (deixando para o single-aperitivo So Hard a mais evidente janela de comunicação para com a obra anterior do duo).

Coproduzido entre o grupo e Harold Faltermeyer (que procuraram por ter sido um importante colaborador de Giorgio Moroder), Behaviour é um álbum elegante, cuidado na escrita, aqui confirmando em pleno um saber que já havia sido claramente explorado em títulos anteriores. Mas desta vez, o que até então era a prioridade (a relação das formas pop com ideias escutadas nos espaços da música de dança) cedeu o protagonismo não apenas a uma mais meticulosa tarefa de composição (com o trabalho de escrita das letras a seguir igual patamar de exigência) e um trabalho de arranjos capaz de sugerir subtileza mesmo perante um recurso a uma vasta gama de ideias, sonoridades e soluções cénicas.

Há aqui canções que vinham das primeiras maquetes do grupo (como Jealousy, que foi criada por Chris Lowe ainda longe de imaginar o futuro que teria na música) e outras de berço mais recente. Há aqui clássicos maiores como Being Boring ou My October Symphony, esta última apontada por Neil Tennant como a sua canção preferida do alinhamento deste álbum. E exemplos de relacionamento com as palavras e as ideias – como por exemplo em How Can I Expect To Be Taken Seriously – que sublinham nos Pet Shop Boys uma das mais interessantes almas críticas no retrato de vivências urbanas do nosso tempo. Sem favores, aqui nasceu uma das obras-primas da discografia dos Pet Shop Boys (e assim se responde ao título do post).

Na linha das reedições que cobriram já praticamente toda a obra do grupo, este regresso de Behaviour às lojas de discos faz-se ou num novo lançamento em vinil ou numa versão em CD que junta o disco extra “Further Listening 1990-1991” que junta lados B, remisturas e raridades. Ali estão, por exemplo, o magnífuco Miserabilism (que saltou do alinhamento do álbum na reta final da gravação para dar lugar a The End Of The World) ou a versão conjunta de Where The Streets Have No Name / I Can’t Take My Eyes Out Of You que o grupo editou em single em lugar do inicialmente previsto How Can You Expect To Be Taken Seriously. DJ Culture e Was It Worth It, inéditos criados para um best of editado em 1991 são outros extras, tal como We All Feel Better In The Dark, lado B de Being Boring que representa, juntamente com Panninaro, uma das raras ocasiões em que o protagonismo vocal coube a Chris Lowe.

“Behaviour”, dos Pet Shop Boys, está disponível em LP, 2CD e nas plataformas digitais numa edição da Parlophone.



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