Afinal quem sou eu?
Texto: NUNO GALOPIM
A questão que dá título ao post, e que ajuda a definir o caminho para um primeiro patamar na construção da identidade de cada um, pode sentir-se pelas canções que fazem de Mati, o primeiro álbum de Selma Uamusse, um momento a ter em conta no mapa discográfico de 2018.
Nascida em Maputo em 1981, mas com vida feita em Portugal desde 1988, Selma Uamusse definira já um percurso de horizontes abertos a experiências diferentes que a fizeram caminhar por trilhos pop/rock, pelo jazz… A bordo de projetos como os WrayGunn, Cacique 97 ou Nu Jazz Ensemble, tendo somado entre os seus projetos uma homenagem a Nina Simone, Selma Uamusse assimilou experiências.
Para criar Mati Selma rumou contudo ao começo de tudo: a Moçambique, onde encontrou genéticas que, agora, fez dialogar com uma linguagem musical elegante que concilia esses ecos africanos com eletrónicas e atmosferas jazzy. O disco torna-se assim peça a ter em conta num importante jogo de construção de uma história de relacionamentos que, afinal, é coisa identitária não apenas para a protagonista mas também parte da nossa experiência coletiva.
Chamem-lhe world music, chamem-lhe canção global, o que quiserem… A verdade é que um diálogo entre vivências portuguesas, heranças e experiências de África e formas musicais do nosso tempo têm aqui um caso sério a ter em conta. Um caso que logo aqui lança sinais de um futuro próximo… Escuta-se Mozambique e fica claro que estas (e futuras) canções poderão ter uma relação ainda mais vincada com os ritmos e a nova música de dança. Grande estreia!
“Mati”, de Selma Uamusse, está disponível em CD e nas plataformas digitais numa edição da Ao Sul do Mundo.
Deixe uma Resposta