1969. Sinais de mudança no terceiro álbum dos Fleetwood Mac
Texto: NUNO GALOPIM
Se os dois primeiros álbuns dos Fleetwood Mac tinham identificado o grupo como nome de referência entre uma geração de bandas e músicos que definiam um espaço para os blues com berço no Reino Unido, ao terceiro disco o grupo encetou a primeira das muitas mudanças de rumo que foram fazendo da sua obra um espaço de constante reinvenção.
Um dos principais fatores em favor das (boas) surpresas que se foram materializando em 1969 teve a ver com a entrada na formação do então muito jovem guitarrista Danny Kirwan cuja natural apetência para a exploração da melodia se começou logo a materializar em canções que abriam novos horizontes de possibilidades.
Na verdade houve sinais de que algo mudara face ao que se escutara nos dois álbuns chegou em singles como o instrumental “Albatross” (que lhes deu um inesperado número um no Reino Unido) ou, mais ainda, a belíssima balada de travo folk “Man Of the World” (que por pouco não repetiu o top one, alcançando mesmo assim o segundo lugar na mesma tabela).
É desta assimilação de novas pistas na folk, assim como em outros sinais dos tempos que se vivam depois das visões caleidoscópicas do psicadelismo mas ainda evidenciando um gosto pelo desafio, pela exploração, que nasce a alma de “Then They Play On”, disco que acabaria por representar não só o maior êxito do grupo até então como definira para a sua música um patamar de maior liberdade estilística que não mais deixaria de ser nota assente na hora de voltarem a estúdio para gravar uma nova coleção de canções.
Os blues não abandonam de todo a música dos Fleetwood Mac, mas é nas fugas a esses universos já explorados nos dois álbuns lançados em 1968 que se revelam os episódios mais inesquecíveis do alinhamento deste terceiro disco de lançado em setembro de 1969. Canções acústicas de alma folk como “When You Say” ou “Although The Sun Is Shining”, ambas de Danny Kirwan, são momentos maiores num disco que mostra como Peter Green (via Closing My Eyes”) aceitou igualmente o desafio de ensaiar caminhos diferentes. O álbum revela, depois, uma amplitude estilística mais vasta que os anteriores e mostra, entre o fulgor elétrico do longo “Searching For Madge”, sinais de que a vontade em explorar também mergulha na própria identidade bluesey das origens do som do grupo.
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