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Faz 50 anos uma foto da Terra, como nunca antes fora vista….

Texto: NUNO GALOPIM

Há precisamente 50 anos o astronauta William Anders tirou, a bordo da Apollo 8, uma fotografia que se transformaria numa das imagens mais célebres do século XX. Pela primeira vez alguém via a Terra a “nascer” para lá de um outro corpo celeste. Aqui fica a história desta fotografia.

A véspera de Natal de 1968 tinha começado a bordo do Módulo de Comando da Apollo 8 com os preparativos para uma das etapas mais cruciais de toda a viagem. Depois de três dias de viagem desde a Terra, a primeira missão tripulada a deixar o campo gravítico do seu planeta natal estava agora a aproximar-se de um outro corpo celeste: a Lua. Mas para que entrasse em sua órbita – algo já feito por missões não tripuladas, é certo, mas nunca antes experimentada por uma nave com astronautas a bordo – era preciso que o processo de travagem ajudasse a Apollo 8 a quebrar a sua trajetória e se deixasse capturar pela Lua… Os cálculos estavam feitos e exigiam um grau de precisão que chegou já a ser comparado a um tiro numa maçã à distância de um campo de futebol, mas com a cautela para apenas raspar a sua casca e não perfurar o fruto… Para ajudar a tensão, a combustão (que exerceria o papel de travão) ocorreria durante a passagem pelo lado oculto da lua, num arco de cerca de 35 minutos durante o qual as comunicações com a Terra seriam interrompidas… Quando a voz de James Lovell voltou a surgir nos altifalantes da sala do comando da missão em Houston os gritos de entusiasmo celebravam a conquista de mais um passo importante para responder ao desafio que Kennedy tinha lançado, anos antes, de colocar um ser humano na superfície da Lua.

A história da missão Apollo, que representava a etapa do programa da Nasa que poderia concretizar esse desafio, vivera já momentos de tragédia quando, em 1967, um incêndio tirara a vida a três astronautas durante um simples teste de rotina, dentro da cápsula, mas em plena plataforma de lançamento. Na Terra. Em finais de 1968 a Apollo 7 havia retomado o programa (com algum atraso), testando, mas na órbita terrestre, o foguetão Saturno V e uma série de operações que seriam necessárias para que o Módulo de Comando e o Módulo Lunar pudessem depois rumar ao seu destino. A Apollo 8, que além de James Lovell levava a bordo Frank Borman e William Anders, representava a primeira missão tripulada a chegar de facto às vizinhanças da Lua. E embora a órbita tivesse colocado a tripulação a pouco menos de 100 quilómetros da superfície, nunca um ser humano havia estado tão perto de poder pisar a Lua…

Foi a 24 de dezembro de 1968 que a Apollo 8 entrou em órbita da Lua, onde permaneceria durante perto de 22 horas, descrevendo um total de dez órbitas. E depois de fixada a órbita começaram as observações, já que um dos objetivos da missão era o de observar (fotografando) com detalhes os possíveis locais de alunagem já identificados. Daí a importância do trabalho de Anders, que tanto foi operador de câmara para as emissões de televisão em direto, como o fotógrafo de serviço.


Frank Borman dentro do Módulo de Comando

Um ajuste da posição da nave permitiu aos três observar a superfície, sendo então notada a sua cor cinzenta, “semelhante ao gesso de Paris”, como descreveria Lovell. À terceira órbita um novo ajuste permitiu olhar o contorno da superfície e fazer imagens com uma linha de horizonte que mostrava a fronteira entre a Lua e o espaço… E é então que, a dada altura, e por absoluta surpresa, observam uma imagem que ninguém nunca antes vira com os seus olhos: a Terra emergia por detrás da linha do horizonte, elevando-se no espaço. Aquele distante mundo azul, tinha em si tudo aquilo e todos aqueles que os três astronautas conheciam. Com um rolo a preto e branco na câmara, Anders pediu que lhe dessem, o mais depressa possível, um outro, mas a cores. Não o encontraram à primeira. Lá apareceu… Mas quando Anders tinha acabado de o trocar já a Terra não se via na sua janela… Felizmente na de Borman ainda se podia ver. “Tira várias”, disse Borman. E Lovell reforça o pedido. Anders não falhou… O momento estava registado no rolo. Mas só dias depois, de regresso à Terra, puderam ver aquela imagem tirada a 24 de dezembro de 1968. Acabou com o nome “Earthrise” e tornou-se não apenas numa das mais icónicas fotografias da missão Apollo mas também numa imagem que traduzia em si uma grande conquista da humanidade, ao mesmo tempo deixando claro quão pequena e frágil é a nossa casa no meio do cosmos…




Imagens da Lua e a primeira visão da Terra, ainda com o rolo a preto e branco

E aqui a visão a cores:

E aqui uma imagem que recria a nave no momento em que foi tirada a fotografia:

E um vídeo lançado pela Nasa em 2013 que recorda este momento:

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