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10. Martin Denny, 1957

Texto: NUNO GALOPIM

Uma lista com discos que não costumam figurar nas listas mais habituais. Aqui fica o décimo… E este assinalou em 1957 a estreia em álbum de Martin Denny num disco que caminha entre o ‘lounge’ e o ‘jazz’, juntando cenografias exóticas, e representa o paradigma de um género que então floresceu.

Nova iorquino de berço, criado em Los Angeles, Martin Denny (1911-2005) começou a estudar piano e descobriu um fascínio pelos ritmos latinos durante uma digressão por países da América do Sul nos anos 30, tendo desde logo começado a colecionar instrumentos com sonoridades diferentes das mais habituais. A sua identidade como músico ganha forma mais tarde, já nad década de 50, quando, contratado para uma temporada num bar no Hawaii (onde acabaria por fixar residência) dá por si a atuar, com o combo que juntara para o efeito, num espaço dominado por palmeiras, de janelas abertas e com um lago por perto. Durante a atuação o coaxar das rãs fez-se soar durante a primeira música. Mal terminou fez-se silêncio, regressando o som do coaxar mal a segunda peça começou a ser tocada. Às rãs juntava-se, como ambiente, o mais presente som dos pássaros… Aquela sinfonia de instrumentos e sons de animais causou em si uma epifania: porque não explorá-la em disco… E assim foi…

Com uma alusão direta aos ambientes criados nas noites de música ao vivo no Shell Bar (e que mais tarde seriam recriadas em Las Vegas), as sessões que decorreram em 1956 num estúdio em Waikiki (no Hawai) fixaram estes diálogos entre música e ambientes exóticos criados por sonoplastia naquele que foi o primeiro álbum de Martin Denny, ao qual chamou, simplesmente, Exotica. Editado em 1957 o disco conheceu um processo gradual no cativar das atenções, ganhando visibilidade maior com a edição em single de Quiet Village, acabando por conhecer episódios de sucesso maior em 1959, numa altura em que esta ideia de uma música lounge de inspiração jazzy e encenada com elementos de outras geografias e ambientes ganhou uma designação: exótica… E é por isso que hoje, ao referir-se o nome de Martin Denny, é frequente vermos-lhe associado o rótulo de “pai da música exótica”.

O álbum que deu visibilidade a Martin Denny e a esta música não foi, contudo, o primeiro a explorar estas visões de exotismo. E na verdade pelo alinhamento de Exotica surgem várias versões de temas originalmente apresentados em 1951, no visionário Ritual of The Savage, de Les Baxter (que integra esta lista de 100 discos). Entre os créditos dos temas gravados em Exótica figuram ainda compositores de renome no panorama da música americana de meados do século XX como Dimitri Tiomkin (sobretudo célebre pelo seu trabalho de criação de música orquestral para cinema) e Hoagy Carmichael (autor de inúmeras canções e também com trabalho feito no cinema).

“Exotica” teve uma primeira edição, com gravação em mono, lançada em 1957. O disco seria regravado para conhecer, depois, uma versão em estéreo. Conheceu várias reedições, a mais recente das quais, em vinil, tendo recuperado a mistura em mono original.

Da discografia de Martin Denny vale a pena descobrir álbuns como:
“Exotica, Vol. 2” (1957)
“Primitiva” (1958)
“Forbidden Island” (1958)

Se gostou, experimente ouvir:
Les Baxter
Esquível
Robert Drasnin

E podem aqui ler títulos anteriores desta lista:
1. Yma Sumac, “Voice of The Xtabay” (1950)
2. Les Baxter and His Orchestra, “Ritual of The Savage” (1951)
3. Georges Brassens, “Georges Brassens chante les chansons poétiques (…et souvent gaillardes) de… Georges Brassens” (1952)
4. Odetta, “The Tin Angel” (1954)
5. Harry Belafonte, “Calypso” (1956)
6. Elvis Presley, “Elvis’ Christmas Album” (1957)
7. Dalida, “Son Nom Est Dalida” (1957)
8. Ruth Brown, “Rock and Roll” (1957)
9. Johnny Cash, ““Johhny Cash with His Hot and Blue Guitar” (1957)

6 Trackbacks / Pingbacks

  1. 100 discos (daqueles que não costumam aparecer nas listas): Spike Jones, 1957 – Máquina de Escrever
  2. 100 discos (daqueles que não costumam aparecer nas listas): Duane Eddy, 1958 – Máquina de Escrever
  3. 100 discos (daqueles que não costumam aparecer nas listas): Peggy Lee, 1958 – Máquina de Escrever
  4. Máquina de Escrever
  5. 100 discos (daqueles que não costumam aparecer nas listas): Esquivel, 1959 – Máquina de Escrever
  6. 100 discos (daqueles que não costumam aparecer nas listas): Babatunde Olatunji – Máquina de Escrever

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