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6: Elvis Presley (1957)

Texto: NUNO GALOPIM

Uma lista com discos que não costumam figurar nas listas mais habituais. Aqui fica o sétimo disco… E este cruzou em 1957 os cânticos de Natal mais tradicionais com o emergente estatuto de popularidade mainstream da cultura rock and roll.

Com o seu primeiro single editado em 1954 e, desde 1956, com um estatuto de popularidade já com expressão internacional, Elvis Presley surpreendeu tudo e todos quando, em finais de 1957, resolveu editar um álbum com canções de Natal. Era o seu terceiro disco de longa duração, sucessor portanto do histórico Elvis Presley e de Elvis, ambos editados em 1956.

Não era de todo invulgar a edição de discos com canções de Natal. Tanto que era já célebre a versão de White Christmas, de Irving Berlin, na voz de Bing Crosby que, desde 1942, todos os anos regressava às tabelas de vendas por alturas da quadra natalícia. Esse era, contudo, o caminho classicista mais habitual. Em 1957 um outro disco de Natal ensaiara um modelo de diálogo entre os cânticos de cariz mais religioso, os standards da quadra e um sentido mais pessoal na criação de uma abordagem a este universo temático. Editado em setembro de 1957 A Jolly Christmas From Frank Sinatra abria sugestões inovadoras. Mas mais longe iria este álbum de Elvis Presley que, mesmo não sendo historicamente tão reconhecido como o seu LP de estreia ou o momento ímpar que foi o seu “comeback” televisivo de 1968, representa um episódio marcante na sua discografia (até porque anos depois seria o seu primeiro galardão de diamante ao ultrapassar os dez milhões de discos vendidos).

A versão original de Elvis’ Christmas Album, editada em outubro de 1957, continha oito canções de Natal e quatro temas de gospel (estes previamente editados no EP Peace In The Valley, lançado pouco tempo antes). Apesar da abordagem mais canónica a Silent Night ou Little Town of Bethlehem é nas frentes de maior ousadia que este disco afirmou o cunho pessoal de uma estrela de rock’n’roll. Santa Claus is Back In Town, escrita propositadamente pela dupla Leiber e Stoller para este disco abre o alinhamento com a clara afirmação de assinatura da música de Elvis por aqueles tempos. O mesmo acontece com a sua versão de Blue Christmas. Mas curiosamente foi a leitura, com elementos do ambiente de estúdio, de White Christmas, que mais celeuma levantou, tendo o próprio Irving Berlin protestado contra a versão, chegando mesmo a haver telefonemas para pedir a estações de rádio que não passassem a canção. Ou seja, apesar do tom “pacífico” e hoje parecer quase coisa conservadora, o disco de Natal de Elvis incomodou muito boa gente em 1957…

Com primeira edição em outubro de 1957 pela RCA Records, o álbum conheceu inúmeras reedições ao longo dos tempos, chegando mesmo a surgir em lançamentos com capas diferentes, outros títulos e até mudanças no alinhamento. Atualmente está disponível na sua versão original tanto em CD como nas plataformas digitais. Há uma reedição relativamente recente em vinil de alta gramagem.

Da discografia de Elvis Presley vale a pena descobrir álbuns como:
“Elvis Presley” (1956)
“For LP Fans Only” (1959)
“Elvis (NBC TV Special)” (1958)

Se gostou, experimente ouvir:
Buddy Holly
Bill Halley & His Comets
Little Richard

E podem aqui ler títulos anteriores desta lista:
1. Yma Sumac, “Voice of The Xtabay” (1950)
2. Jackie Brenston & His Delta Cats, “Rocket 88” (1951)
3. Les Baxter and His Orchestra, “Ritual of The Savage” (1951)
4. Georges Brassens, “Georges Brassens chante les chansons poétiques (…et souvent gaillardes) de… Georges Brassens” (1952)
5. Odetta, “The Tin Angel” (1954)
6. Harry Belafonte, “Calypso” (1956)

10 Trackbacks / Pingbacks

  1. 100 discos (daqueles que não costumam aparecer nas listas): Dalida – Máquina de Escrever
  2. 100 discos (daqueles que não costumam aparecer nas listas): Ruth Brown, 1957 – Máquina de Escrever
  3. 100 discos (daqueles que não costumam aparecer nas listas): Johnny Cash, 1957 – Máquina de Escrever
  4. 100 discos (daqueles que não costumam aparecer nas listas): Martin Denny, 1957 – Máquina de Escrever
  5. 100 discos (daqueles que não costumam aparecer nas listas): Spike Jones, 1957 – Máquina de Escrever
  6. 100 discos (daqueles que não costumam aparecer nas listas): Duane Eddy, 1958 – Máquina de Escrever
  7. 100 discos (daqueles que não costumam aparecer nas listas): Peggy Lee, 1958 – Máquina de Escrever
  8. Máquina de Escrever
  9. 100 discos (daqueles que não costumam aparecer nas listas): Esquivel, 1959 – Máquina de Escrever
  10. 100 discos (daqueles que não costumam aparecer nas listas): Babatunde Olatunji – Máquina de Escrever

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