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1. Yma Sumac (1950)

Seleção e textos: NUNO GALOPIM

Uma lista com discos que não costumam figurar nas listas mais habituais. Porque nem só das memórias canónicas deve viver a revisitação da história da música. E para quem gosta de listas aqui fica uma que possa trazer surpresas. Ou não…

Há listas e listas… E nas mais canónicas são muitos os álbuns que se repetem… E há razões para que assim seja, porque há discos que escreveram episódios maiores na história da música popular. Mas há outros que costumam ficar de fora. E que tiveram também o seu papel e relevância, nem que junto de nichos. Alguns deles serão episódios menos célebres de carreiras que fixaram outros títulos como as suas referências. Outros são peças mais esquecidas mas que vale a pena não deixar perdidas no silêncio…

Resolvi focar a lista em edições posteriores a 1948, o ano em que é apresentado o formato de LP… O que não quer dizer que pelo caminho não apareça aqui um ou outro single ou EP… Tematicamente a lista vai andar pelos universos da música popular, o que abarca de resto uma vasta frente de géneros.

Aqui fica então o arranque de uma lista diferente. É pessoal, como todas as listas o são… Até porque quando um dia acharem um algoritmo que as faça, as listas perderão toda a graça…

Yma Sumac, “Voice of The Xtabay”
(1950)

Voice of the Xtabay assinalou a estreia discográfica de Yma Sumac em nome próprio sete anos antes do disco de Lex Baxter que tornaria oficial o espaço a que se convencionaria chamar “exotica” (mas que aqui tem já clara manifestação).

A construção da personagem que então se revelava com o nome de Yma Sumac juntava mitologias que ora contavam que era descendente do último grande imperador Inca ora diziam que era uma dona de casa nova-iorquina que resolvera, pela música, dar outro rumo à sua vida. Na verdade Zoila Augusta Emperatriz Chávarri del Castillo (1922-2008), o seu nome real, era uma cantora peruana que começara a cantar na rádio em 1942 e chegou a gravar uma série de canções folk de passagem pela Argentina por esses dias. Com a família mudara-se para nova-iorque em finais dos anos 40, começando ali a fazer carreira a bordo do Inka Taky Trio. E foi então que, através da Capitol Records, recebeu um convite para gravar a solo.

Feito de seis composições de Vivanco (com quem estava casada) e duas de Lex Baxter, Voice of the Xtabay é um festim de exotismo que concilia uma interpretação à la Hollywood de um sentido de herança pré-colombiana com a presença da música latina. A invulgar extensão vocal de Yma Sumac (que ultrapassa as quatro oitavas), que lhe permitem não apenas o canto mas também um desenho de vocalizações que se tornariam assinatura sua, os arranjos luxuriantes para orquestra e uma presença variada de instrumentos de percussão, criava um alinhamento tão invulgar quanto sedutor. Diferente. Mas estranhamente intrigante.

“Voice of The Xtabay”, de Yma Sumac, teve a sua primeira edição em formatos de 45 e 78 rotações em 1950, juntando os temas em vários discos numa mesma caixa, com edição pela Capitol Records. Em 1952 os oito temas seriam reunidos num álbum de dez polegadas. Há diversas prensagens em vinil e edições em suporte digital, por vezes acrescentando temas de outros discos, nomeadamente de “Inca Taqui”, de 1953.

Da discografia de Yma Sumac vale a pena descobrir álbuns como:

“Legend of The Sun Virgin” (1952)
“Mambo!” (1954)
“Legend of The Jivaro” (1957)

Se gostou, experimente ouvir:

Lex Baxter
Martin Denny
Robert Dransin

16 Trackbacks / Pingbacks

  1. 100 discos (daqueles que não costumam aparecer nas listas): (2) – Máquina de Escrever
  2. 100 discos (daqueles que não costumam aparecer nas listas): Les Baxter – Máquina de Escrever
  3. 4. Georges Brassens (1952) – Máquina de Escrever
  4. 100 discos (daqueles que não costumam aparecer nas listas): Odetta, 1954 – Máquina de Escrever
  5. 100 discos (daqueles que não costumam aparecer nas listas): Harry Belafonte – Máquina de Escrever
  6. 100 discos (daqueles que não costumam aparecer nas listas): Elvis Presley – Máquina de Escrever
  7. 100 discos (daqueles que não costumam aparecer nas listas): Dalida – Máquina de Escrever
  8. 100 discos (daqueles que não costumam aparecer nas listas): Ruth Brown, 1957 – Máquina de Escrever
  9. 100 discos (daqueles que não costumam aparecer nas listas): Johnny Cash, 1957 – Máquina de Escrever
  10. 100 discos (daqueles que não costumam aparecer nas listas): Martin Denny, 1957 – Máquina de Escrever
  11. 100 discos (daqueles que não costumam aparecer nas listas): Spike Jones, 1957 – Máquina de Escrever
  12. 100 discos (daqueles que não costumam aparecer nas listas): Duane Eddy, 1958 – Máquina de Escrever
  13. 100 discos (daqueles que não costumam aparecer nas listas): Peggy Lee, 1958 – Máquina de Escrever
  14. Máquina de Escrever
  15. 100 discos (daqueles que não costumam aparecer nas listas): Esquivel, 1959 – Máquina de Escrever
  16. 100 discos (daqueles que não costumam aparecer nas listas): Babatunde Olatunji – Máquina de Escrever

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